Minha história...

Não sei como nascí, porque não tenho pedigree. Acho que foi de parto normal e deve ter sido no começo de junho de 1.990.

De minha mãe e meus irmãos, tenho apenas uma vaga lembrança. Recordo-me de seu cheiro e da briga que dava para achar uma teta desocupada!

Quando me dei por gente canina, já estava na avícola da Avenida São Miguel, na gaiola 3.

Foi de lá que minha família me trouxe e a primeira coisa que fizeram, foi me batizar com o nome de Xuxa.

O meu nome não tem nada a ver com a mitologia. Ele tem relação com a nobreza, pois é o apelido de uma apresentadora muito famosa que foi namorada de um certo Rei Pelé.

 

Eu estava muito contente, brincava muito e todos que apareciam, falavam igual a Hebe: "que gracinha!" Olha aí eu com uns três meses e meu irmão Odair.

 

Nessa nova casa além da minha nova família, havia um casal de tartarugas com as quais o relacionamento não era dos melhores. Eu detestava quando o Rugo e a Ruga invadiam minha casinha. Passei muitas noites de frio por causa deles. A coisa só melhorou quando minha mãe percebeu e mudou minha casinha de lugar. Veja; o Rugo é o maior.

 

Aí, comecei a crescer e quase não conseguia entrar em qualquer espaço. Meu pai e meus irmãos compraram madeira e fizeram uma casinha maior para mim. Aqui eu estava com mais de um ano.

 

Nessa época eu aprontava muito. Várias vezes cavei o jardim e fazia aquela sugeira com a terra. O Mala* dizia que eu era mestiça com tatú. Só parei quando cercaram o jardim com um arame que diziam estar eletrificado.

Outra vez, eu roí a muda do pé de manga que o Mala havia ganhado. Nossa; ele ficou possesso. Até pensei que a casa fosse cair.

 

* O Mala é o meu pai atual. Ele tem esse apelido carinhoso porque ele não me dá sossego. Ele só me ferra. Quer conhecer a frase preferida dele em qualquer estação?

este é o Mala

 

Com o passar do tempo, crescí bastante, me tornei adulta. Eu não era de latir muito mas cuidava do quintal direitinho. Brincava, corria e depois comia. Parei de crescer mas minha vontade de comer não diminuiu. A medida que eu ia, digamos, avolumando, todo mundo falava: "Tá gordinha hem?".

Houve uma vez em que eu estava passeando com o Mala, e uma menina disse: "Nooossa, que bicho enorme!". Em outra ocasião, eu estava na área de casa e uma mulher que passava comentou com sua colega: "Esse cachorro deve passar bem, olha como está gordo."

Esses comentários me deixavam complexada mas reconheço que apesar de eu ser canina, meu apetite é leonino!

 

A coisa não estava muito boa e piorou ainda mais. Isso porque por um probleminha de pele, me levaram na Doutora Sandra que é uma ótima veterinária. Colocaram um cone em meu pescoço para eu não me coçar. Olha eu com o cone junto com minha irmã.

 

No começo, a veterinária Sandra se distraia olhando os pelinhos que cresciam e falava: "Oooolha, nasceu um peliiiiinho". Eu não achava a menor graça nisso. Mas depois, num belo dia, ela sismou com a minha barriguinha e veio com uma história enrolada. Ela falava: "Ela está muito gorda, isso faz mal pra coluna dela. Não pode ficar dando petisquinho pra ela".

Então o Mala aproveitou e perguntou: "E dar sonho de valsa, pode?"... ...Ela ficou ainda mais braba e respondeu: "Nããããããããooo".

Aí a coisa ficou preta. Inventaram uma tal de ração, mais seca que pedregulho. E tinha que ser apenas uma porção por dia. O Mala ficava todo satisfeito. Perdí parte da barriga. Só minha mãe e minha irmã tinham dó de mim. Veja como elas me cuidavam para aliviar meu stress.

 

O tempo ia passando e eu estava ficando mais velha, me sentindo meio ferrada. Estava andando com dificuldade e fazendo xixí a toda hora e de vez em quando eu caia.

O Doutor Nelson, o veterinário mais legal, pediu uma radiografia pra ver um tal de desgaste ósseo e foi aí que descobriram que eu tinha também uma pedrona na bexiga.

 

pedra na bexiga minha barriga meu esqueleto Mano, levei a maior facada! O Mala até pensou que ia ficar livre da minha pessoa.

 

A coisa foi braba. Quer ver a cirurgia?

 

 

Durante a cirurgia constataram que havia uma anormalidade no útero e fizeram também a retirada desse órgão. Prá vocês terem uma idéia, a cicatriz mede, aproximadamente, 17 cm. Mas me salvei. Lá no Hospital Veterinário fizeram um serviço muito legal e eu melhorei bastante. Me alimento bem e já não faço xixí toda hora. De vez em quando sofro uma quedinha mas, como dizia o Kleber Bambam, "faiz parte".

 

Depois eu conto mais umas coisas.

pó-operatório pós-operatório minha irmã agüinha eu, tomando agüinha a pedra já retirada cicatriz após 8 dias minha periquita hi, hi, hi minha barriga raspada minha barriga raspada local da anestesia raquidiana meu irmão Odair eu, na infância a Ruga o Rugo meu cone meu cone meu cone o cone da minha irmã eu eu minha irmã minha irmã este é o Mala minha roupa de frio eu, na adolescência minha mãe eu, no colinho eu, no colinho minha irmã minha irmã